Pois é, caros leitores...
2014 veio com projetos novos, o canal (para o qual a equipe do ACORDA está dando um tempo pra curtir férias), mas, de maneira inesperada, veio também o fim do meu noivado 2 dias antes do Natal... foi uma puta barra, mas fazer o quê, né? ¯\_(ツ)_/¯
No melhor estilo "origens do blog" (diário virtual), me vieram à cabeça novas reflexões sobre música pra ocupar a mente.
Passado o natal, levantei à cabeça e fui à luta, reconhecendo que aquele maldito Pablo do Arrocha, antes de viralizar tanto na internet quanto nos Golfs tunados da favela nova classe média, tinha deixado uma lição importante: HOMEM NÃO CHORA (#sóquenão, conforme o vídeo do Não Salvo abaixo)
(para entender o sucesso de tamanha sofrência, clique aqui)
Pablo do Arrocha, Eduardo Costa, Léo Magalhães e toda essa galera da botecagem equatorial (sim, modifiquei o texto pra ninguém me acusar de xenofobia com base no novo marco civil da internet, mas os entendedores entenderam) são herdeiros da péééééééssima influência vocal do lendário Mirosmar, filho de Francisco, que junto com o irmão Welson dominou as paradas AM do Brasil nos anos 90 com seu estilo Bon Jovi goiano e as manjadéééééérrimas rimas "paixão / coração", "bonito / infinito", etc.
Falando em anos 90 e sertanejo, obrigatoriamente falamos em PAGODE também. Dois estilos de música que passei a execrar quando conheci o rock e que só hoje abordo de maneira mais relax. E nessa viagem, acabei lembrando de uma música que resumiu estes 4 anos de relação, mas que antes só via como um instrumento pedagógico para convencer a mulherada de que até de amor homem enjoa, quanto mais de bucERROR 404 APAGA
Curiosamente, essa mesma galera não canta só esse tipo de romantismo que nos anos 90 chamávamos de "dor-de corno", mas também músicas de farra, algumas delas pesando pra valer no conceito de mulher-objeto, a meu ver dando motivos para o abandono que será confortado pelo som mela-cueca antes citado:
Curiosamente, essa mesma galera não canta só esse tipo de romantismo que nos anos 90 chamávamos de "dor-de corno", mas também músicas de farra, algumas delas pesando pra valer no conceito de mulher-objeto, a meu ver dando motivos para o abandono que será confortado pelo som mela-cueca antes citado:
Não tenho muita moral pra falar dessa galera; sou fã confesso de Velhas Virgens, cujas músicas "Abre essas pernas" e "Uns drinks" ainda hoje escandalizam algumas pessoas quando as toco ao vivo nos bares e festas da vida. Além disso, muitos artistas populares seguem deliberadamente a fórmula do equilíbrio de Tim Maia: metade das músicas é esquenta-sovaco e outra metade é mela-cueca.
Uma das coisas nas quais penso é: não que ninguém cometa erros dentro de um relacionamento ou deixe de sentir a falta da pessoa após o fim daquele, mas quão desgraçada (ou, no mínimo, cômica) deve ser a vida de um tipo de homem comum que simplesmente não sai do ciclo arranja parceira > trai parceira > pede perdão arrependido > ela aceita > ela trai de volta > ele não perdoa > vai chorar e beber no bar > vai raparigar até encontrar outra parceira, tudo isso com sua devida trilha sonora?
A não ser que tudo isso seja feito, lá no fundo, de "agazinho", onde o que realmente importa é estar sempre no topo da satisfação e das relações de poder sob o pretexto do "viva o agora", incluindo-se traição, abandono, violência, alcoolismo, hipocrisia e ideias erradas sobre o amor.
Isso quando estamos tratando da fase adulta dos seres. Quando o assunto é juventude, a coisa muda um pouco mesmo de figura, pois é a fase da experimentação, de conhecer pessoas novas o tempo todo, de se descobrir como pessoa, do que gosta, etc. O jovem dos anos 90 em diante (incluo-me neste rol) está sempre em negociações e transições internas entre o namorar (que representa, entre outras benesses, inclusão social, sexo com pouco esforço e conjunção com os anseios gerados pelos contos de fadas e desenhos da Disney) e o ficar (já ligado a vaidade, competição entre os do mesmo gênero/espécie, descompromisso sentimental e "variação do cardápio" a fim de se descobrir os próprios gostos).
Isso quando estamos tratando da fase adulta dos seres. Quando o assunto é juventude, a coisa muda um pouco mesmo de figura, pois é a fase da experimentação, de conhecer pessoas novas o tempo todo, de se descobrir como pessoa, do que gosta, etc. O jovem dos anos 90 em diante (incluo-me neste rol) está sempre em negociações e transições internas entre o namorar (que representa, entre outras benesses, inclusão social, sexo com pouco esforço e conjunção com os anseios gerados pelos contos de fadas e desenhos da Disney) e o ficar (já ligado a vaidade, competição entre os do mesmo gênero/espécie, descompromisso sentimental e "variação do cardápio" a fim de se descobrir os próprios gostos).
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Disney e Buttman: os causadores da geração mais afetivamente frustrada dos últimos tempos! |
Nelson Rodrigues, através de uma personagem do livro "A mulher de Atenas e outras estórias", dizia que "homem fiel já nasceu morto". De fato, se já na época de Nelson Rodrigues o conceito de fidelidade estava sendo posto em xeque (como coloquei em uma postagem anterior), em tempos atuais de Whatsapp e Tinder ter (e principalmente manter) relacionamentos sérios está cada vez mais difícil (como eu disse em um insight durante uma ligação telefônica, "quem não deve não exclui histórico do Whatsapp"). Na verdade, nos nichos cosmopolitas dos centros urbanos isto está virando uma ideia arcaica.
Uma das mulheres com quem tive a foda da noite um caso passageiro acabou me revelando, de uma maneira que jamais esquecerei, 4 posturas básicas das mulheres com relação à traição:
1 - Não me traia
2 - Me traia, mas não deixe eu saber
3 - Me traia, mas deixe eu participar
4 - Não há traição, peguemos quem quisermos!
Durante estes 4 anos, fui fiel de verdade (ao contrário do eu-lírico daquela música homônima do Gustavo Lima), considerando um nível de entrega à relação que claramente punha as duas partes na opção 1 das descritas acima, porque não queria repetir a postura de um relacionamento anterior, problemático, sem amor e mantido apenas pelo prazer da execução da opção 2, como a maioria dos homens costuma fazer e como boa parte das mulheres consente secretamente.
No entanto, hoje em dia, pautar uma relação pelo conceito de fidelidade parece uma aposta alta; algumas situações cotidianas favorecem o uso do sexo como arma ou estratégia para um determinado objetivo (ex.: relacionar-se com superiores hierárquicos da empresa visando promoções de cargo ou outras benesses). Respeitados os limites da higiene (contracepção e prevenção de doenças) e do envolvimento afetivo, algumas pessoas se dão o direito de se relacionarem com quem quiserem, por mais que, aos olhos da maioria, isso soe imoral.
Porém, não raro, quem rotula assim tal comportamento também o pratica absconso. Tenho uma definição própria e particular pra isso: PSEUDO-MORALISMO. Pessoas que abertamente condenam a corrupção, a traição, a permissividade sexual, a falsidade e a mentira, mas que, quando seguras de sua ocultação, traem, mentem, tergiversam, subornam e rodam a banca. Tal postura é pautada por 3 princípios:
1 - O prejudicial não é cometer tais atos, e sim ser pego cometendo-os;
2 - Todo mundo quer ser o algoz beneficiário, mas ninguém quer ser a vítima prejudicada;
3 - quanto mais pessoas acreditarem na minha pregação sobre imoralidade, menos concorrência terei no ilícito.
Há quem considere estes comportamentos típicos do povo brasileiro como um todo. Livros como "Casa Grande & Senzala", de Gilberto Freyre, e "Raízes do Brasil", de Sérgio Buarque de Holanda, descrevem, de maneiras diferentes, como a população brasileira pobre (índios, negros e europeus degredados) habituou-se a "contornar" as leis civis e religiosas do nobre europeu para sobreviver com algum benefício e algum prazer adequados a um meio que naturalmente favorecia a transgressão (nesse ponto, Aluísio Azevedo estava certo), formando-se assim uma sociedade "corrupta pela própria natureza".
Para as mentes mais maduras, os relacionamentos abertos e a ideia recente de poliamor estão surgindo como alternativas que, embora não deixem de ter alguns problemas, pautam-se mais adequadamente na honestidade e na real compreensão das necessidades de seus praticantes. Na essência destes comportamentos, o conceito do amor "mortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure", de Vinícius de Moraes (mesmo que só dure uns 3 encontros ou seja com até 3 pessoas).
Bem melhor do que máscaras morais apoiadas em conceitos gnósticos de recompensa imediata ou futura, em minha opinião.
No entanto, hoje em dia, pautar uma relação pelo conceito de fidelidade parece uma aposta alta; algumas situações cotidianas favorecem o uso do sexo como arma ou estratégia para um determinado objetivo (ex.: relacionar-se com superiores hierárquicos da empresa visando promoções de cargo ou outras benesses). Respeitados os limites da higiene (contracepção e prevenção de doenças) e do envolvimento afetivo, algumas pessoas se dão o direito de se relacionarem com quem quiserem, por mais que, aos olhos da maioria, isso soe imoral.
Porém, não raro, quem rotula assim tal comportamento também o pratica absconso. Tenho uma definição própria e particular pra isso: PSEUDO-MORALISMO. Pessoas que abertamente condenam a corrupção, a traição, a permissividade sexual, a falsidade e a mentira, mas que, quando seguras de sua ocultação, traem, mentem, tergiversam, subornam e rodam a banca. Tal postura é pautada por 3 princípios:
1 - O prejudicial não é cometer tais atos, e sim ser pego cometendo-os;
2 - Todo mundo quer ser o algoz beneficiário, mas ninguém quer ser a vítima prejudicada;
3 - quanto mais pessoas acreditarem na minha pregação sobre imoralidade, menos concorrência terei no ilícito.
Há quem considere estes comportamentos típicos do povo brasileiro como um todo. Livros como "Casa Grande & Senzala", de Gilberto Freyre, e "Raízes do Brasil", de Sérgio Buarque de Holanda, descrevem, de maneiras diferentes, como a população brasileira pobre (índios, negros e europeus degredados) habituou-se a "contornar" as leis civis e religiosas do nobre europeu para sobreviver com algum benefício e algum prazer adequados a um meio que naturalmente favorecia a transgressão (nesse ponto, Aluísio Azevedo estava certo), formando-se assim uma sociedade "corrupta pela própria natureza".
Para as mentes mais maduras, os relacionamentos abertos e a ideia recente de poliamor estão surgindo como alternativas que, embora não deixem de ter alguns problemas, pautam-se mais adequadamente na honestidade e na real compreensão das necessidades de seus praticantes. Na essência destes comportamentos, o conceito do amor "mortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure", de Vinícius de Moraes (mesmo que só dure uns 3 encontros ou seja com até 3 pessoas).
Bem melhor do que máscaras morais apoiadas em conceitos gnósticos de recompensa imediata ou futura, em minha opinião.
Mas isso não denota que o conceito de fidelidade (ou melhor, de relação afetiva tradicional) deva ser posto por terra para todos: para muitas pessoas criadas de maneira mais tradicional e sem tanta desenvoltura relacional e experiência de vida, pode e até deve ser o modelo mais adequado. O que acho que não pode mais rolar é a adoção desta postura dentro de um contexto relacional que favoreça a subjetivação e a transgressão desta mesma postura. O resultado disso é o pseudo-moralismo anteriormente descrito.
Enfim, mais adequada é a postura afetiva/sexual de uma determinada pessoa quanto mais maduros psicologicamente e socialmente a mente e o comportamento geral desta pessoa for. Mas esta mesma maturidade não a salvará de momentos de regresso a sentimentos mais primitivos, o que explica porque, por mais que eu até hoje rejeite esse tipo de música popular de corno/amante/galinha/apaixonado-não-correspondido, vez por outra me veja em uma situação similar descrita por uma música deste naipe. Aqui, elenquei 4, e pra arregaçar de vez vai a 5ª, de uma época em que eu nem sabia o que era amor e sexo, mas já tinha visto os peitos da referida cantora!
Enfim, mais adequada é a postura afetiva/sexual de uma determinada pessoa quanto mais maduros psicologicamente e socialmente a mente e o comportamento geral desta pessoa for. Mas esta mesma maturidade não a salvará de momentos de regresso a sentimentos mais primitivos, o que explica porque, por mais que eu até hoje rejeite esse tipo de música popular de corno/amante/galinha/apaixonado-não-correspondido, vez por outra me veja em uma situação similar descrita por uma música deste naipe. Aqui, elenquei 4, e pra arregaçar de vez vai a 5ª, de uma época em que eu nem sabia o que era amor e sexo, mas já tinha visto os peitos da referida cantora!
Apesar da tristeza e de mais um gol tomado, 2015 tá só começando! Cabeça erguida e bola pra frente, que ainda estamos no 1º tempo da vida!
"A vida não passa de uma longa perda de tudo o que amamos" (Victor Hugo)
"Vou querer amar de novo / e se não der, não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço / com meu braço meu viver" (Milton Nascimento)
E pra vocês, esparsos leitores do blog, uma dica madura vindo da nossa galera do rock:
"Protejam-se uns aos outros da desilusão
pois breve é o tempo que vocês passam juntos
pois mesmo quando vocês estejam ligados durante anos
eles parecerão como minutos para vocês
Protejam-se uns aos outros da solidão"
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